Que tipo de retorno trazem investimentos que não levam em conta um dos direitos mais elementares de qualquer cidadão, que é o acesso à água potável?
Escassez de água. O futuro já chegou
Em um estudo recente, a ONU alerta que, se o mundo continuar no mesmo compasso, em 2050 teremos 5,7 bilhões de pessoas sofrendo diretamente os efeitos de uma crise hídrica. E nem precisamos ir tão longe no futuro para ficarmos apreensivos: um terço dos açudes do Nordeste estão secos, o rio São Francisco já perdeu grande parte de seu volume e, em 2016, a Amazônia passou pela maior seca em um século.
Estes são sinais claríssimos da gravidade da situação, mas parecem ser insuficientes para fazer com que haja uma mudança no modo e nos meios com que nos relacionamos com as nossas reservas.
Projetos de barragens, que comprometem a vida e o fluxo dos rios, continuam surgindo em grande número;
desmatamento e garimpo ameaçam as nascentes e mananciais;
agrotóxicos usados de forma desenfreada;
a falta de saneamento básico – 81% dos municípios brasileiros despejam metade de seus dejetos, sem tratamento, em cursos d’água – envenenam nossos rios.
Nem mesmo a comoção com a perda do Rio Doce para o descaso e a ganância parece ter ajudado a frear esse processo – e o que aconteceu em Barcarena, no Pará, está aí para provar.
Em nome de quê?
Indígenas e outros povos tradicionais brasileiros, que habitam as regiões ameaçadas por projetos e políticas insustentáveis, têm muito a nos ensinar sobre como conviver em harmonia com o meio ambiente. São pessoas que nunca encararam a água como mera mercadoria ou ingrediente, que mantêm uma relação íntima e até espiritual com nossos rios. Eles têm muito a nos ensinar, não só em relação ao respeito que devotam à natureza, mas também por sua resistência.
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